quinta-feira, 13 de março de 2014

O capacete é obrigatório

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Quem anda de bicicleta sabe que, o que não falta, são pessoas a dar bitaites sobre tudo e mais alguma coisa: que o seguro é obrigatório, que não podemos andar aos pares, que temos de andar pelo passeio, que a bicicleta tem de ter chapa de matrícula para andar na estrada ... Enfim, um sem número de ideias criativas que partem, muitas das vezes, de pessoas que não andam de bicicleta mas que, ainda assim, gostam de dar o seu contributo.


Ora, na semana passada e, curiosamente, duas vezes no mesmo dia, ouvi o bitaite do capacete. O primeiro, partiu de um peão a quem cedi passagem na passadeira, que fez questão de gritar:

« OLHE QUE O CAPACETE É OBRIGATÓOOOORIO ! »


Normalmente, faço um "sim sim", com a cabeça, sorrio e sigo viagem. Eles ficam contentes e eu não me aborreço.

Mas à noite, quando estava parada num dos semáforos do Campo Grande, fui novamente interpelada por um grupo de cidadãos preocupados que depois de umas quantas observação sobre a "grande máquina" que eu tinha enquanto imitavam o som de uma mota, fizeram questão de me alertar para o facto de que « Tens de usar capacete senão és multada ! » .

Apesar de ter ideia de que não é obrigatório, fiz uma pesquisa (não fosse o Código da Estrada ter sofrido alguma alteração que eu desconhecesse) e parece que afinal não há nenhuma obrigação de usar o capacete.


Ainda assim, parece que é uma questão que dá muito que falar e, se algum dia quiserem semear a discórdia entre ciclistas, puxem do assunto do uso do capacete. Depois, é só pedirem uma mini, um pratinho de tremoços e recostarem-se a assistir ao esgrimir de argumentos entre os que são a favor da obrigatoriedade e os que são contra.

Sob a égide do "quem te avisa, teu amigo é" surgem os defensores da obrigatoriedade do uso do capacete. São pessoas zelosas e que, em alguns casos, já sentiram na pele o que é ter um acidente de bicicleta em que o capacete fez realmente a diferença. Não vamos dizer que a sua preocupação não é legítima, porque é.

Do outro lado, temos quem não seja a favor desta obrigatoriedade, por considerarem que o risco associado à utilização da bicicleta é mínimo e que, adoptando uma condução prudente, a probabilidade de ocorrência de um acidente é pouco significativa. 

Até agora, tanto os argumentos de uns como os de outro, me parecem bastante realistas e não necessariamente contraditórios.

O problema começa quando tentamos impor o nosso ponto de vista. É importante que tenhamos em conta que, o estilo de vida associado à bicicleta não é uma religião. Como tal, cada ciclista deverá ter, acima de tudo, liberdade de escolha.


É verdade que usar o capacete pode constituir uma mais valia em caso de acidente. Mas, devemos ter a possibilidade de optar por correr ou não esse risco. Afinal de contas, é a nossa massa encefálica que poderá, eventualmente, ficar derramada num passeio...

Naturalmente que, com esta liberdade de escolha, vem também a obrigação de respeitarmos a opção dos outros, ainda que seja diferente da nossa. 

Achamos que o capacete é um factor importante na salvaguarda da integridade física do ciclista ? Opinião perfeitamente válida. 

Usemo-lo então! Branco, preto, colorido, com ou sem luz intermitente atrás. O que importa é que nos sintamos seguros. 

Temos noção dos riscos existentes no percurso que fazemos e achamos que o capacete não é essencial ? Opinião igualmente válida.

Andemos então de cabelos ao vento.

Não esqueçamos que, aquilo que nos une, enquanto utilizadores de bicicleta, é muito mais vasto do que aquilo que causa discórdia. Por isso, com ou sem capacete, o importante é que partilhamos o gosto por dar ao pedal.


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