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A Costureira com a "Maria Francisca" em Roterdão |
Pouco depois de nos mudarmos para Lisboa, o outro ciclista cá de casa decidiu trocar o carro pela bicicleta. Como ambos trabalhamos na zona do Campo Grande, não fazia sentido que por uns meros 5 km, tivéssemos de enfrentar diariamente todo o trânsito, semáforos, confusão e aspirantes a Michael Schumacher que povoam as artérias lisboetas.
Na altura não achei que ir de bicicleta fosse vantajoso - afinal de contas, estava habituada a utilizar o carro como transporte - e levantava os mesmos obstáculos que a maioria das pessoa:
"É muito longe!"
"Lisboa tem muitas subidas"
"E se for atropelada?"
"Vou chegar toda transpirada ao emprego..."
"Se chover fico toda encharcada!"
Durante algum tempo, o autocarro foi a minha opção de transporte.
Até ao dia em que o outro ciclista teve de ir de carro e deixou a bicla dele em casa...
Não vos vou mentir e dizer que a primeira experiência foi fantástica. Não foi. E a subida da Avenida Marquês da Fronteira foi, durante algum tempo, a pain in the ass que acabava invariavelmente comigo a empurrar a bicicleta por ali acima. Mas cada dia custava menos, e com o tempo comecei a conseguir subir aquilo tudo de uma vez. Ainda hoje é uma subida que evito mas, às vezes tem de ser.
Aos poucos fui aprendendo que não é vergonha nenhuma sair da bicicleta e empurrá-la numa subida.
Que há dias em que se apanha chuva - muita chuva - mas que há equipamentos que podemos ir comprando aos poucos e que nos mantêm secos.
Que a transpiração é realmente um problema e que às vezes já chego a meio caminho a suar do buço. Para atenuar a coisa, ando de t-shirt o ano inteiro e tenho uma muda no emprego, juntamente com um desodorizante e uma toalha.
Que Lisboa é uma cidade cada vez mais ciclável e que, apesar das ocasionais altercações com peões, automobilistas e outros ciclistas, o transporte de bicicleta até se faz de forma relativamente segura e prática.
Mas, acima de tudo, aprendi que usar a bicicleta como meio de transporte não é uma obrigação nem deve ser encarado como tal. Há dias em que simplesmente não nos apetece pedalar e o que não falta por aí são alternativas.
Boas Pedaladas!
Gostei de ler este testemunho!
ResponderEliminarUma mudança lógica e simples mas ainda estranha à nossa cultura "carro-dependente". Felizmente parece que as coisas estão a mudar.
E essa condição da bicicleta entrar tapada... bom, não conheço as razões e parece que o "problema" foi bem contornado e até contribuiu para uma coisa boa, mas pergunto: porque ter que tapar a bicicleta??? estranhei.
p.s. - vou começar a acompanhar o blog ;)
Cumprimentos
Júlio Santos
Olá Júlio!
ResponderEliminarAntes de mais, bem-vindo ao blog ! Fico contente por ter gostado do testemunho que, de certo modo, é o meu pequeno contributo para tentar mudar essa "cultura carro-dependente" de que fala.
Em relação ao facto de ter de tapar a bicicleta...Creio que o motivo tem essencialmente a ver com o impacto visual. Quer queiramos ou não, a utilização da bicicleta continua a ser mais associada ao aspecto recreativo e de lazer do que ao aspecto utilitário. Entrar de bicicleta no emprego seria assim o equivalente a ir trabalhar de havaianas e com uma piña colada na mão :/
Mas as mentalidades estão a mudar e a prová-lo está o facto de, apesar de tapada, a bicicleta poder entrar e ter até um lugar para ela! Quem sabe o que se segue ? :)
Uma curiosidade: Porque é que a bicicleta tem de entrar tapada na empresa?
ResponderEliminarOlá Ana Jorge!
EliminarCreio que estará relacionado com o impacto visual que causa. No entanto, o facto de me ser permitido guardá-la, em segurança, no interior da empresa (ainda que tenha de entrar tapada), demonstra alguma receptividade à mudança e a aceitação da bicicleta como meio de transporte.
Por isso, apesar desta pequena condição, fico contente por poder guardar a Maria Francisca em segurança :)
Quem sabe se não haverão mais colegas a ficar com "o bichinho" ... ;)
Li e gostei do blog. Também pedalo de bicicleta dobravel (trabalho, lazer e cicloturismo)...
ResponderEliminarCiclooabraços
joaozinho - Santo Andre, Brasil