sábado, 11 de janeiro de 2014

O ciclista destemido


Quando começamos a ir de bicicleta para o emprego, passamos a ser aquele tipo que tem resposta para todas as dúvidas acerca de bicicletas e código da estrada. Somos uma espécie de "colega exótico" junto de quem os outros colegas podem esclarecer  algumas ideias pré-concebidas acerca dos tipos que andam de bike na estrada...

Quando comecei a ir de bicicleta para o emprego, senti-me um pouco como a Bekka Wright e era frequente fazerem-me perguntas como:


- Vens de bicicleta desde onde ? 

- Não tens medo de andar no meio dos carros ?!

- Então e quando sais à meia noite vais de bicicleta ?

- Não é perigoso... ? Não tens medo de ser assaltada ?

- Então e quando começar a chover ?


Outras vezes era sobre a bicicleta ...

- Essa é daquelas que se dobra, não é ?

- É muito pesada ?

- É prática ?



Notei que, aos poucos, a bicicleta passou a fazer parte, não só do meu dia a dia, mas também do dia a dia dos meus colegas que até um nome lhe deram: Maria Francisca.


Claro que, chegar de bicicleta continua a arrancar uns quantos sorrisos porque
« És maluca! »

Maluca ou não, noto que alguns já estão contagiados com "o bichinho da bicicleta" e, não tardará até não haver volta a dar!


M U A H A H A H A H A H A H A H A 



Os sintomas são óbvios. Uma colega, que sempre gostou de pasteleiras, decidiu comprar uma para ela e outra para a filha. Uma outra optou por, neste Natal, oferecer bicicletas aos sobrinhos que, segundo diz, estão a adorar e a aprender a equilibrar-se com bastante facilidade. E, a semana passada, a primeira coisa que ouvi quando cheguei foi um « Por sua causa já andei na Decathlon a experimentar as dobráveis! Sou capaz de comprar uma ... ».

E é assim que um "pequeno gesto" como o de levar a bicicleta comigo todos os dias para o emprego, contribui para desmistificar algumas ideias existentes em torno da sua utilização como meio de transporte mas, sobretudo, contribui para a mudança na forma como a bicicleta e respectivo ciclista são vistos.

Hoje em dia, são os meus colegas quem, com um olhar acusatório e dedo espetado me perguntam:


« Então onde é que está a Maria Francisca ?! »


E é bom que haja um bom motivo... caso contrário ...



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